"Romeu" - Romeu - Mirandela - RIP

Existem Poisos que são referencias nacionais, Poisos que pela sua excelência merecem sempre destaque ou nos ocorrem logo à memória quando nos perguntam algo sobre a nossa gastronomia e as suas casas de bem comer. O Maria Rita é um desses Poisos. Aberto há mais de 30 anos, soube-se sempre manter na crista da onda mercê de seguir uma ementa tradicional, com pratos próprios, de boa qualidade, aliados a um serviço simpático e a uma envolvente de extremo bom gosto e conforto. Nesta ultima visita que efectuámos - a nossa quarta ou quinta - ficámos satisfeitissimos por ver que tudo se mantém na mesma, quiçá para melhor, pois que a gerencia da casa está agora a cargo de uma jovem de vinte e poucos anos, a menina Leonor que não só quer respeitar as tradições, como quer "desenterrar" pratos da casa antigos, tudo aliado a uma nova maneira de ver a gastronomia e de servir a mesma, também com os conselhos e maneiras de ver do Ricardo,outro jovem que lhe faz companhia. Portanto pelo menos , o Maria Rita continua com futuro e isso per si, é uma boa noticia. 
As salas são lindissimas, qualquer uma delas - tem 3 salas, sendo que uma é a que alberga, quando necessário, grupos maiores. Decoração antiga, de bom gosto, soalho em travejado de madeira antiga, tudo no Maria Rita é diferente de outro Poiso qualquer e faz-nos sobretudo sentir em casa. Todos os pormenores para isso contam, até a música que se vai ouvindo durante a refeição, desde bom jazz clássico, a música clássica, num registo sonoro em nada incomodativo. Enquanto esperávamos pelas nossas encomendas - Sopa Seca e Açorda de Espargos Bravos ( pratos somente por encomenda, a par do Bacalhau à Maria Rita ), depenicámos uma azeitonas muito boas, acompanhadas de um pão de mistura muito bom, que mergulhavamos em azeite transmontano - o melhor azeite de Portugal na minha opinião . Na escolha do vinho, pois foi escolhido um vinho feito e engarrafado para o Maria Rita, vinho do Douro pois claro, que na sua versão branco tem o nome de Julieta e na versão tinto, o nome de Romeu ( mesmo a calhar ). Escolhemos o tinto 2003, premiado com medalha de prata no IX concurso de vinhos do Douro que e logo no nariz, se revelou , na minha condição de curioso, extremamente frutado - neste caso penso que amoras - e que apesar dos seus 14º, não se notava o alcool em demasia. Excelente.Na boca, o mesmo sabor a fruta madura e o alcool bem disfarçado lá no meio, a prometer que daqui a dois/tres anos, esteja no seu melhor.De autoria do enólogo Rui Cunha, aviei-me logo com uma caixa de 6 garrafas - vendidas pelo restaurante - para o que der e vier. Até que chegaram as "vedetas" da noite. A Sopa Seca e a Açorda de Espargos. Conforme explicado na apreciação já existente, as duas são confeccionadas de maneira identica , sendo que a Sopa Seca leva as carnes de cozido , juntamente com grão e legumes, cobertos por fatias generosas de pão, que vai ao forno a tostar e depois de sair, é regado com azeite do bom, a ferver, e a Açorda de Espargos em vez do grão e dos legumes, leva...ora pois claro...espargos bravos.E que diferença entre um e outro. Ambos notáveis, a Açorda de Espargos é mais "potente" devido ao sabor mais acentuado, sendo que a Sopa Seca é mais suave.De entre os dois pratos, venha o diabo e escolha. Nas sobremesas, queijo muito bom com doce de maçã .- excelente o doce de maçã - e leite creme queimado na hora, de muito bom sabor mas que a nosso ver, deveria ter sido servido não tão frio, mas a uma temperatura mais condizente com a sua torra de acúcar. Mesmo assim, um leite creme á antiga, como deve ser.Cafés para quatro e uma conta final de...25 euros por pessoa

Artur